DICAS DE PACIENTE PARA PACIENTE

Ao longo desses anos trabalhando com acolhimento na causa do câncer, pude fazer muitas trocas com inúmeros pacientes, e por isso acabei reunindo algumas das dicas que já ofereci e também recebi e que ajudaram muita gente que enfrentou um tratamento de câncer.

Lembrando que nada substitui as orientações do seu médico, por isso sempre converse com ele(a) antes de tomar qualquer decisão.

PRÉ TRATAMENTO

     1. Estabeleça uma rede de apoio:

Rede de apoio são aquelas pessoas que irão te acompanhar mais de perto durante a fase do tratamento, e que você poderá solicitar ajuda caso necessite. Normalmente esse papel acaba sendo dos familiares mais próximos, mas nada impede que seja algum amigo ou vizinho.
O importante é que você se sinta à vontade com essa pessoa.

     2. Planeje sua alimentação com antecedência:

Caso você tenha condições de se consultar com uma nutricionista, ela poderá orientar o cardápio personalizado e adequado para a fase do tratamento. Mas caso você não tenha acesso a esse tipo de profissional, se organize antecipadamente para que consiga manter uma alimentação saudável durante as quimioterapias principalmente, cozinhando e congelando refeições, solicitando ajuda para cozinhar (caso o enjoo atrapalhe) ou contratando um serviço de marmitas. O importante é manter uma nutrição adequada para manter seu corpo forte. Se quiser saber mais sobre a importância da alimentação no tratamento de câncer, clique aqui.

     3. Cuidado com os cabelos e pelos:

Uma das perguntas que a maioria das pacientes oncológicas mulheres fazem a seus oncologistas é se o cabelo realmente vai cair. Minha oncologista disse que para o tipo de quimioterapia que eu iria fazer, somente 5% das mulheres não perdem os cabelos, e infelizmente eu não fiz parte dessa estatística.
Então resolvi dar algumas dicas para as diferentes situações que você poderá vivenciar e se identificar.

  • Doação de mechas:

Caso você queira doar seus cabelos para a causa do câncer (foi o que eu fiz), sugiro que faça isso antes de começar o tratamento, para garantir mechas mais fortes. A ONG Cabelegria recebe doações de todos os tipos de cabelo em pontos de coleta espalhados por São Paulo e Portugal, como também recebe doações via Correios (foi assim que eu enviei os meus).

  • Touca de resfriamento:

Caso você deseje e tenha a indicação de seu Oncologista para utilizar a touca de resfriamento, que tem o objetivo de minimizar a queda dos fios durante o tratamento, é necessário saber se existe esse recurso no local onde você será tratado, e se terá custos adicionais. Minha Oncologista me orientou a não utilizar, por isso não tenho experiências sobre esse assunto, mas tenho uma amiga, a Michele Salek, que usou, aprovou e pode trocar figurinhas se você desejar. Acesse o perfil dela no Instagram e mande uma mensagem, tenho certeza que ela vai te contar mais a respieito.

  • Sobrancelhas e cílios:

Pode parecer só um detalhe, mas esses pequenos pelinhos fazem muita falta quando começam a cair, porque eles são partes importantes dos nossos traços e expressões. Muitos Oncologistas liberam as pacientes para fazer micropigmentação nas sobrancelhas antes do tratamento começar, e pode ser uma boa saída, embora seja importante lembrar que depois que os pelos caem, fica apenas o pigmento da tatuagem, e pode parecer um pouco estranho. Eu preferi utilizar um sérum para sobrancelhas e cílios da marca Shiseido (Full Lash Sérum) que ajudou muito a evitar a queda, tanto que cheguei ao final do tratamento com sobrancelhas e cílios apenas com pequenas falhas. O valor é um pouco salgado, mas o investimento valeu cada centavo.

     4. Planeje uma atividade física:

Embora o tratamento de câncer seja desafiador, principalmente na fase das quimioterapias, hoje já sabemos que os exercícios físicos contribuem muito para minimizar os efeitos colaterais que as quimios produzem, melhorando a qualidade de vida, a autoestima, o controle do peso, melhorando o humor e minimizando a fadiga e a perda de massa muscular. O ideal é que você procure uma atividade física que te agrade e que seja orientada por um profissional de Educação Física, de preferência com experiência na área da Oncologia. Eu sempre indico que os pacientes conheçam o Isaac Welness, que além de ser um excelente profissional de Educação Física, também foi paciente de câncer de testículo e agora criou o Clube Oncológico, que é o primeiro programa online de combate à fadiga. É um método testado e aprovado que vem ajudando mulheres durante e após o tratamento oncológico, com exercícios simples e práticos para você começar o quanto antes. Clique aqui para saber mais informações.

     5. Congelamento de óvulos/esperma:

É fundamental que os médicos orientem os pacientes quanto aos efeitos nocivos da quimioterapia nos órgãos reprodutores, porque de fato há chances de esterilidade precoce. É necessário que exista um diálogo aberto e sincero sobre planejamento familiar, principalmente em pacientes muito jovens, ainda que eles não pensem em filhos. Quando há possibilidade, isto é, quando o tipo, o grau e o estágio do câncer permite isso, o paciente pode optar pelo congelamento de óvulos/esperma, procedimento este sem cobertura pelos planos de saúde e pelo SUS. É importante que essa opção seja oferecida, e mais importante ainda, que o paciente seja responsável pela própria escolha, sem nenhum tipo de pressão médica, familiar ou social. Esse é um momento muito delicado, por isso dou essa dica, de você reservar alguns momentos para refletir sozinho(a) no assunto, e só depois compartilhar com familiares, amigos e médicos. Ainda que existam riscos de esterilidade, pode ser que isso não aconteça, ao passo que o congelamento também não é uma garantia de que uma gravidez irá evoluir. Para ler um pouco da minha experiência pessoal com esse assunto, acesse aqui