LINFOMA DE HODGKIN

Meu nome é Carol, sou de São Paulo e tenho 25 anos, e fui diagnosticada com Linfoma de Hodgkin em estágio IV, avançado, em maio de 2019, quando estava prestes a completar 22 anos.

Eu não suspeitava que estava com uma doença grave, pois vivia minha vida normalmente, ia pra faculdade de manhã, fazia estágio à tarde, curtia as festas universitárias e baladas aos finais de semana e estava me preparando pra prova da OAB e pra começar meu TCC. Depois do carnaval de 2019, os sintomas começaram. Tive várias gripes em sequência, suor noturno intenso em dias aleatórios, coceiras pelo corpo e uma dor fortíssima na coluna, que aumentava progressivamente dia após dia, e só passava com analgésicos fortes, além de uma bolinha inchada no pescoço, que foi o que mais chamou minha atenção e me fez ir ao hospital.

No pronto socorro, o médico disse que a “bolinha” no pescoço era um linfonodo inflamado, talvez por conta das gripes que eu havia tido. Me orientou a observar esse linfonodo e, caso ele não desinchasse, procurar um especialista – o cirurgião de cabeça e pescoço. Como o linfonodo não desinchou, procurei o especialista e decidimos fazer uma biópsia. Eu estava muito tranquila, nunca passou pela minha cabeça que aquilo poderia ser câncer.

Quando o resultado da biópsia saiu, meu mundo virou de cabeça pra baixo. A primeira coisa que passou na minha cabeça foi: “meu cabelo vai cair!”. Fiquei APAVORADA. Tive que paralisar todos os meus planos (estudos pra OAB, festas, início do TCC) e precisei de uma semana pra chorar tudo que tinha pra chorar e conseguir dar os primeiros passos rumo ao tratamento. Graças a deus tenho uma família incrível que me deu todo suporte, minha mãe me carregou nos braços como se eu tivesse voltado a ser um bebê, meus pais me abraçavam tão forte como quem agarra na certeza da cura e não larga mais.

Então fomos a luta, porque desistir nunca foi uma opção!
Fiz os exames, coloquei o cateter porth-o-cath e iniciei o protocolo de quimioterapia ABVD, dividido em 12 sessões, totalizando 6 meses de tratamento.

Durante todo esse processo, o que mais me assustava era a queda do cabelo. Isso pode parecer superficial pra maioria das pessoas, mas a verdade é que cada paciente tem suas próprias dores e medos, e não podemos nos diminuir nesse momento. Todo sentimento é válido e merece acolhimento.

Por si só já é um processo doloroso demais, então quanto mais compreensivos formos com as nossas dores, menos angustiante o tratamento será. Acolhi meu medo e decidi raspar o cabelo apenas quando eu estivesse pronta.

Convivi com a queda durante os 6 meses de tratamento, e raspei os últimos fios que sobraram só após a última sessão de quimio, pois essa foi a forma que encontrei para lidar com isso.
Usei peruca em algumas ocasiões, e no dia a dia usava boné para cobrir a cabeça, já que os lenços me deixavam com “cara de doente” rs.

Por outro lado, graças a deus não sofri muito com os demais efeitos colaterais do tratamento. Eu tinha bastante dor no corpo após as quimios, e ficava bastante em repouso. Enjoava um pouco, mas não passei mal nenhuma vez. Também tive um pouco de formigamento e sensibilidade nos dedos, além da perda de memória e confusão mental. Porém, nada que me abalasse tanto quanto a queda do cabelo.

Foram 12 sessões de quimioterapia, inúmeras injeções de imunidade e exames, 6 meses de tratamento e uma onda indescritível de força e amor que recebi de toda minha rede de apoio. Além da minha família e amigos incríveis, também conheci vários “oncofriends” pela internet, e compartilhei todo meu tratamento no instagram. Encontrar uma rede de apoio com pessoas que também estão enfrentando o câncer foi fundamental, pois em certas coisas só nós nos entendemos.

Entrei em remissão do Linfoma na metade do tratamento, e hoje estou há quase 3 anos curada. TUDO PASSA! Minha vida voltou ao normal, meus cabelos novos são lindos como os de antes (modéstia a parte rs), meus amigos continuam sendo companheiros e meu amor pelos meus pais aumenta cada dia mais. Cuido da minha saúde diariamente, comecei a praticar atividade física esse ano, bebo bastante água e me alimento bem, mas também aproveito bastante meus rolês e minha vida social, porque depois de tudo que passei, mereço ainda mais curtir minha vida!

Se você está passando por isso, força! Eu sei que não é um período fácil, mas vai ficar tudo bem.

Carol Antunes